Euclides da Cunha (1866–1909) foi um escritor, jornalista, engenheiro e militar brasileiro, lembrado principalmente por sua obra-prima Os Sertões (1902). Nascido no interior do Rio de Janeiro, formou-se em engenharia militar, mas sua carreira foi marcada pela atuação como correspondente de guerra na cobertura da Revolta de Canudos, experiência que daria origem ao seu livro mais célebre. Sua escrita combina análise científica, observação jornalística e sensibilidade literária, tornando-o uma das figuras mais originais da literatura brasileira.
Os Sertões tornou-se um marco do pré-modernismo, ao unir narrativa literária e reflexão sociológica para retratar a região sertaneja, sua geografia, seu povo e o conflito sangrento de Canudos. A obra denuncia as desigualdades sociais do Brasil e questiona a visão preconceituosa das elites em relação aos sertanejos, transformando-se em referência para a compreensão da identidade nacional.
Apesar de uma vida relativamente curta, Euclides da Cunha deixou uma contribuição duradoura para a literatura e para o pensamento social brasileiro. Seu estilo vigoroso e crítico o consolidou como um dos maiores intérpretes do Brasil profundo. Sua morte trágica, em um duelo motivado por questões pessoais, interrompeu uma trajetória intelectual brilhante, mas não apagou o impacto de sua obra, que continua essencial para entender a história e a cultura do país.
