“A Cidade e as Serras”, de Eça de Queirós, é um romance curto publicado em 1901 que conta a história de Jacinto, um homem extremamente rico e sofisticado que vive em Paris rodeado de confortos, invenções e frivolidades da modernidade. A narrativa começa mostrando o exagero tecnológico e o tédio do personagem — jardins artificialmente climatizados, máquinas para tudo e uma vida vazia de sentido — e vai construindo, com ironia, o contraste entre essa vida urbana e a realidade mais simples do interior português.
Ao decidir voltar para as serras de Portugal, Jacinto passa por uma transformação gradual: redescobre o prazer do convívio humano, do trabalho no campo e do uso sensato das coisas. Eça usa o enredo para satirizar duas ideias opostas — o culto acrítico ao progresso material e o primitivismo romântico —, mostrando que o equilíbrio entre natureza, comunidade e tecnologia é o mais saudável. O tom é afiado, bem-humorado e crítico, e os episódios dialogam com temas sociais e filosóficos da virada do século XIX para o XX.
Por estar em domínio público, “A Cidade e as Serras” pode ser encontrado facilmente em diversas edições digitais e impressas, o que facilita seu estudo em sala de aula ou leituras pessoais. É uma obra indicada para quem quer entender a crítica social de Eça com linguagem acessível e cenas memoráveis — ideal para debates sobre modernidade, progresso e qualidade de vida.