A Ilustre Casa de Ramires”, de Eça de Queirós, é um romance da maturidade do autor publicado em 1900 — obra que saiu postumamente e é considerada um dos pontos altos do realismo português. A narrativa acompanha a vida provinciana e as ambições políticas de Gonçalo Mendes Ramires, um fidalgo cuja preocupação com a honra da família e o prestígio social o empurra para projetos literários e escolhas de conveniência social.
O romance desenvolve-se em dois planos paralelos: a vida cotidiana e mesquinha da província (onde se desenrolam as intrigas, os casamentos e as manobras políticas) e a novela histórica que Gonçalo escreve sobre um ancestral medieval, Tructesindo Ramires. Esse jogo de espelhos permite a Eça satirizar a nostalgia aristocrática, a fabricação do passado e as contradições entre aparência e realidade — mostrando como a memória e a história podem ser manipuladas em benefício pessoal.
A obra mistura ironia fina, crítica social e reflexão sobre identidade nacional; muitos estudos destacam seu ataque às narrativas oficiais da história e o uso do paralelismo como recurso estético e crítico. Por estar em dominio publico, “A Ilustre Casa de Ramires” encontra-se facilmente em edições digitais e bibliotecas online, o que facilita o acesso para leitura e estudo