“O Crime do Padre Amaro”, de Eça de Queirós, é um romance publicado em 1875 que narra a história do jovem padre Amaro Varela, enviado para uma freguesia provinciana onde se envolve num relacionamento amoroso com Amélia, uma moça da localidade. A ação mostra em detalhe a vida íntima e pública da vila — festas, intrigas, confissões — e como a posição e os interesses sociais moldam comportamentos e decisões. O romance acompanha o deslizar da paixão para o segredo e o escândalo, com consequências graves para os personagens envolvidos.
Estilisticamente, a obra insere-se no realismo crítico: Eça usa descrição objetiva, ironia e análise social para denunciar a hipocrisia clerical e as contradições da moral burguesa. O autor expõe como instituições (como a Igreja) e costumes locais protegem aparências enquanto sufocam a sinceridade e a responsabilidade individual. O tom é incisivo — não busca apenas contar uma história de amor proibido, mas problematizar poder, ambição e moralidade numa sociedade conservadora.
Ao sair em domínio público, “O Crime do Padre Amaro” tornou-se de fácil acesso em edições digitais e impressas, sendo muito lido e discutido em escolas e universidades. Continua a ser uma obra central para entender o realismo português e para debates sobre religião, ética e imprensa no século XIX — além de provocar leituras diferentes conforme o recorte histórico e crítico do leitor.